5 de julho de 2010

OUTRA VIDA ? SIM, MAS SEM PRESSA...


- Tais Luso de Carvalho 

Ele resolveu criar o Universo: criou o céu, a terra e os demais sistemas. Criou a grande estrela com luz própria; o sol. E longe do sol candente, criou uma lua branca e fria, porém, misteriosa e romântica.

Criou, também, o mar, os peixes e os pássaros. Mas até aí tudo perfeito e harmonioso. A tragédia começou quando Ele resolveu ser mais generoso e criar algo que fosse à Sua imagem e semelhança; e criou o homem, presenteando o mundo com Adão e Eva.

Após esta magnífica inspiração, cá estamos nós, supostamente descendentes do tal do casal e, de tão agradecidos que ficamos, não deixamos por menos: crucificamos o Homem - o Criador da espécie.

Porém, nada adiantou tal atrocidade de nossa parte ou sacrifício da parte D’Ele, pois, séculos se passaram e aqui estamos cada vez piores, mais loucos do que nunca. Mas algo de especial ficou para dar continuidade à obra do Criador: foram surgindo mais Pedros, mais Marias, Teresas, Paulos... Enfim, todos os santos com os seus devidos nomes. Todos empenhados em exaltar o nome do Senhor.

Mas existem certas criaturas que são extremamente chatas. Deixam uma impressão de que o mundo vai acabar amanhã, tamanha insistência em catequizarem. Penso que temos esclarecimento, suficiente, para sentirmos o que é bom pra nós. Não importa o caminho, o que importa é a fé.

Vejo muito fanatismo, intolerância e intromissão na vida das pessoas que talvez nem tenham pensado em seguir essa ou aquela religião ou seita. Parece uma lavagem cerebral. Concordo com uma doutrinação, mas quando a criatura pede, procura.

Dias atrás, presenciei duas amigas conversando sobre religião: caí fora. A conversa começou com o Antigo Testamento, passou pelas Profecias Apocalípticas, abordaram temas como a morte, catástrofes, doenças e castigos divinos com tanta naturalidade que fiquei em depressão!

Não sou amarga nem descrente, mas não quero saber de Doutrinas, Testamentos, das Profecias de Isaias ou mesmo intimidades com o Armagedon. Quando chegar o Apocalipse (flagelo terrível), veremos. Ou melhor, acho que nem veremos!

As pessoas precisam falar é de vida e de seus projetos; precisam rir, amar, brincar e comer. Comer comida. De pesado chega o Congresso lá de Brasília que temos de carregar nas costas...

A coisa já está muito enfadonha; a luta pela sobrevivência já é um calvário e ter de ouvir sobre castigos divinos, pecados, inferno, revelações terríveis sobre o destino da humanidade não é mole. Acho que chega: se alguém tiver de rezar terá de ser por um prato de arroz com feijão, carne e um monte de batatas fritas. E se ainda der, uns dois ovos estrelados. O resto, Deus pode dar uma mãozinha de onde estiver. E vamos levando...

Minhas santas amigas (os), dêem liberdade para as criaturas escolherem seu caminho! Qualquer religião que se proponha a fazer o bem, que estiver cumprindo seu papel de espalhar felicidade, dando conforto e paz, está mais do que ótimo, pois a verdade é que não sabemos realmente de nada. Porém, depois desta vida, espero que exista algo de maravilhoso pra todos nós – mas sem muita pressa: prefiro ir ficando por aqui mesmo...



18 comentários:

  1. Tais,

    Gostei do conteúdo e da forma. Me diverti! Como diz um amigo meu, o pior chato é o chato religioso.

    bjão
    Cesar

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  2. Hehehe! Muito interessante esse "painel criacionista", Tais! E tô contigo: apesar da confusão em que nos metemos, também não tenho muita pressa, hahahaha!
    Bjooo!!

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  3. Sabe, Tais, às vezes eu penso que o Saramago quando disse que quem criou Deus foi o medo da morte, ele não estava professando seu ateísmo . Ele estava dando um recado para essa gente da qual você fala aqui. Um abraço grande., Paz e bem.

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  4. Oi Tais

    Andei sumida
    Tenho muita coisa pra ler, hein...

    Concordo com você. Acredito que o papel maior das religiões é o compromisso com o bem, trazer conforto, espalhar a solidariedade.
    Qualquer coisa que pese para a intolerância e o preconceito nao é fé. Qualquer coisa que absorva a vida de tal modo que não se tenha tempo para viver e compartilhar bons momentos com quem amamos, também não é fé, é fanatismo.

    Não sigo nenhuma religião, mas isso não significa que eu não tenha a minha espiritualidade. Acredito em Deus, e mesmo que as coisas andem dificeis por aqui, ainda acredito no homem.

    E é como você disse "a verdade é que não sabemos realmente de nada", "e se alguém tiver de rezar terá de ser por um prato de arroz com feijão, carne e um monte de batatas fritas"...hehe

    Beijos

    Deva

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  5. O que "pega" é exatamente o fanatismo, - a doença.

    Que cada um acredite no que desejar, desde que não imponha sua crença a outrem. É preciso respeitar o deus que há em cada um. O meu, por exemplo, é um sujeito que respeita meu direito de escolha, minha liberdade de expressão... Se escolho errado, ou utilizo mal a palavra; se ajo contra a natureza... que culpa ele tem?rsrs Ora, deu-me todas as ferramentas para criar meu próprio paraíso, mas optei por criar um inferno... Gosto muito dele; sujeito porreta. Mas não o aconselho a ninguém. rsrs

    Não sou praticante de qualquer religião. Vejo-as de certo modo como partidos políticos; não consigo separar religião dos contextos em que surgiram e se desenvolveram. E veja que tanto uma quanto outro deveriam ter em comum um mundo mais humano, mais solidário, mais justo. E o que é que a gente vê por aí?... Há um tipo de fé que se alastra que mais se parece com obsessão.

    Sempre muito bom te ler.

    Bjs, amiga. E inté!

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  6. Concordo em gênero, número e grau.
    Há algum tempo falei disto em meu blog. Sou cristã e
    defensora de um relacionamento leve com Deus e com o mundo.

    Religião, para mim, só faz sentido se propõe mudança de vida
    e isto exclui religiosidade.

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  7. Oi Tais
    Aí você vê que ninguém é perfeito, até Deus cometeu erros na hora de suas criações.
    Beijos

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  8. Bom dia, Tais.

    Também estou sem pressa e a curiosidade do depois virá depois, rsrsrsrsrs. Religião é um dos assuntos mais delicados que conheço depois da política cada um tem sua visão ou ilusão. Enquanto isto vou vivendo sem fanatismos, preferências políticas e protestando como posso escrevendo, rezo para um Deus sem igreja, para um Deus que mora em meu coração.

    Fé é necessária e cada um tenha a sua...

    Beijo e obrigada pela visita.

    Renata

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  9. Texto brilhante como sempre.
    Tudo que é demais ou de menos não tem equilíbrio. O bom mesmo é não crer num Deus punitivo.
    Adorei! Montão de bjs e abraços

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  10. Mais um sábia conversa, Taís.
    Religião tem de cantar a alegria, as belezas da vida, a importãncia das amizades,a fé nun Deus de Amor, a profissão de saúde e paz__ o resto a gente corre atrás.
    Conte comigo!
    Bjkas mil,
    Calu

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  11. Religião...cada um tem a sua, ou não. Mas a fé não deve está na religião e sim em Deus, ou então não precisaríamos d'Ele. Religião não muda ninguém, o que muda é a vontade de mudar. Sou praticante do catolicismo, não sou fanática, tenho lá minha pouca consciência. Adorei o texto. Dá pano p manga...bjs

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  12. Parabens Tais por abordar um tema delicado, do qual muita gente prefere evitar para não criar incompatibilidade com vários de seus leitores. E concordo inteiramente com seu pensamento. Se Deus realmente criou o homem é uma presunção humana achar que o fez a sua imagem e semelhança. Começám por aí as diferenças.
    Um abraço

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  13. Tais, estive aqui, sou, a partir de agora sua seguidora.Adorei seu Blog e suas crônicas.Como você adoro escrever e compartilhar.O verdadeiro sentido da vida está em compartilhar.'Liberdade palavra mágica é o que aspiramos ,nem mais nem menos".Bjs

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  14. Um belo texto.

    Um beijinho
    Maria

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  15. Olá Taís!

    Pois é menina, amei seu texto!...:)

    Sou católica, mas odeio fanatismo, e corro léguas de pessoas assim.
    O meu Deus, é um Deus de Amor, e não um Deus preocupado em punir.

    Na nossa Igreja, cantamos uma música linda, que diz mais ou menos assim: "...pois Deus te quer alegre, não quer te ver chorando, só quer te ver sorrindo..."

    Acho então, que é por aí, Deus é uma Pai preocupado com a felicidade dos filhos, e não um carrasco pensando em castigar.

    Um grande abraço prá você

    Cid@

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  16. Olá Taís,
    Eu respeito a religião de qualquer um. Agoooora!! fico nos cascos... quando alguém vem querer me doutrinar.
    Sou pecadora confesso. Estou fazendo um pacote e só vou pedir perdão na hora da morte e se houver tempo.
    Não me venham com Deus vivo, com Deus morto,Que uns rezam outros oram, que não se pode furnicar antes de casar.Que uns acreditam
    em imagens, outros e dez por cento.
    Que eu não quero nem saber!!! O importante é que o santo lá de casa ainda faz milagre! Que meu santo é Forte! E gloria a Deus!
    Beijos,
    Da(FORA) DALINHA

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  17. O tempo que passa12:35

    Olá Tais Luso de carvalho!
    Tenho lido os seus «posts» e tenho gostado, hoje deu-me para postar um comentário, irá certamente ferir alguma susceptibilidade, é de propósito, não sou fã de comentários acríticos.
    Penso eu, que sou ateu: Se cada um tem o seu deus ideal: Bondoso, misericordioso, vigilante, bom conselheiro e justo então que diga que o seu deus nada tem a ver com o deus da bíblia, porque o deus nela descrito, é o contrário de tudo isso. É velhaco, vingativo, cruel, cioso tão mau que parece ter sido feito à semelhança do homem.
    Também penso, que a bíblia é um manual de maus costumes. Como disse José Saramago.

    Diamantino

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  18. Para penso que o pior seja quando a pessoa explora a religiosidade para os próprios beneficios, hpa muitas pessoas que acabam sendo cordeiro frente ao lobos e entregam tudo que recebem...

    Fique com Deus, menina Tais Luso.
    Um abraço.

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Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís