24 de abril de 2009

OS MÉDICOS E SEUS JALECOS


- tais luso de carvalho

Há dias que pensava escrever sobre algo que tenho visto e que me incomoda. Além de ter visto centenas de médicos e enfermeiras abraçarem simbolicamente o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, na comemoração do Dia Mundial da Saúde, continuo vendo todos os dias esses profissionais de jaleco branco e estetoscópio dependurado no pescoço, indo do hospital em direção a outros prédios que pertencem ao conglomerado, faculdades e uma agência do Banco do Brasil - que fica no térreo do hospital – e, mais ainda, aos cafés do outro lado da rua. Outros, colocam o carro no estacionamento do hospital e já saem de jaleco...

Ora, sabemos que é um perigo levar bactérias nas roupas para dentro de um hospital. Existem bactérias que permanecem entre 24 horas a uma semana em nossas roupas. E daí, como é que fica? E o estetoscópio? Alguém vai examinar o coração de alguém pelo caminho? Assim como levam bactérias para dentro do hospital, também podem levar bactérias do hospital, para outros estabelecimentos.

Ouvi, casualmente hoje, a mesma observação feita pelo jornalista da Band, Ricardo Boechat no seu programa pelo rádio, e há pouco pela televisão, com repórteres entrevistando os médicos na rua. Algo extremamente constrangedor. Isso, lá em São Paulo! E nas outras cidades do país?

Pergunto: há necessidade? Cadê, doutores, os cuidados com a população? Ouvi, de um médico infectologista, que isso é extremamente perigoso. Será descaso, falta de conhecimento sobre o assunto ou será vaidade? Fiquei observando a pergunta a eles formulada. Constrangedor. E pessoas que transitavam falavam timidamente: ‘acho errado, mas fazer o quê?’ Pois é. Quem tem de fazer não somos nós!!

Que me perdoem os médicos, mas deveriam ser os primeiros a terem esse cuidado com a população, principalmente com os pacientes que estão sob os seus cuidados nos hospitais.

Não precisam expor a saúde das pessoas desta maneira; não tem o porquê sair na rua de jaleco, que é para ser usado exclusivamente no interior dos hospitais; e por que usar nessas saídas, esse bendito estetoscópio? Pega mal.
Usem um crachá, doutores, fica melhor.

23 comentários:

  1. huuummm,vô falar um poouquinho como enfermeira, concordo com vc Tais, mas é uma coisa que temos que policiarmos, pelo corre corre da vida alguns acham cômodo sairem de jaleco voltarem e assim vai... confesso que ja fiz muitas vezes isso o que é totalmente errado, na faculdade perdemos até nota se formos pegos usando jaleco em outro lugar senão hospital, existem palestras sobre o assunto os perigos de tal prática, mas como sabemos sempre terá um e outro que continuará fazendo.
    Esse texto serviu de alerta, pelo menos pra mim vô ficar atenta mais ainda rs bju amiga.

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  2. Que bonita esta tua atitude, Eucana! Não costumo interferir nos comentários, mas este teu mereceu, por trabalhares na área e reconhecer a gravidade. Obrigada.
    Um beijo, amiga, uma boa semana.
    tais

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  3. Eu me lembrei da música Perfeição de Renato Russo: vamos celebrar a estupidez humana, (...) vamos celebrar epidemias: é a festa da torcida campeã, (...) vamos celebrar a aberração de toda a nossa falta de bom senso (...)

    Estive por aqui.

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  4. Tal vez sea una mala moda o manera de expresar: Estoy aquí soy médico, mírame!, perdón pero yo también creo que no es necesario andar con el instrumento colgando, ya estamos siendo invadidos por virus y bacterias, como para exponerse y exponernos aún más.
    Un abrazo.

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  5. Olá Taís!
    Tudo isso sempre vem esbarrar no ser humano e "talvez" com sua vaidade, ou por não tomar seus devidos cuidados, consigo e com os outros. Isso ocorre em várias profissóes como:
    -pedreiro -não usa máscaras, luvas, botas, capacete...
    - coveiro -não usam luvas, máscaras, limpam a mão no próprio uniforme, e de repente nem lavam as mãos.
    marceiros - não usam máscaras
    Restauradores- mtos não usam máscaras...e assim vai...e o que fazer? Falta de profissionalismo? Falta de amor? Uma questão a ser pensada!
    Bjs.
    Wal.

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  6. Olá Tais,
    Realmente é um descaso com a saúde de quem precisa ser cuidado e resguardado.
    A única coisa que podemos fazer, é chamar atenção para o caso.Como você está fazendo, Pois o médico melhor que ninguém sabe o que esse procedimento acarreta.
    Um abraço,
    Dalinha Catunda

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  7. Excelente alerta! Já observei essa barbaridade aqui em Sampa várias vezes. Moro e trabalho perto de hospital SP, uma referência nacional. Passo sempre ali em frente; em uma das ruas que o ladeiam, há uns bares e restaurantes desses estilo porta de faculdade. Sempre veja dezenas de médicos e afins tomando seus cafés e proseando de jaleco e indumentária. Lamentável.

    bjs
    Cesar

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  8. Obrigado! Obrigado! Obrigado! Amiga Tais parabéns pelo tema publicado, uma grande contribuição. Volto para agradecer por sua visita e também pelo seu gentil e amável comentário. Sinto-me feliz e honrado por sua amizade, muito gratificado pelo apreço que demonstra. Obrigado mais uma vez por sua presença. James Greene costumava dizer; "Todo o bem que eu puder fazer, toda a ternura que eu puder demonstrar a qualquer ser humano, que eu os faça agora, que não os adie ou esqueça, pois não passarei duas vezes pelo mesmo caminho.” Confesso que é muito confortante ter bons amigos mesmo que seja virtual, não importa. Assim desejo tudo de bom para você. Volte sempre! Encontrar-nos-emos sempre por aqui. Felicidades. Tenha uma semana recheada de muito brilho, sucesso, paz, saúde, bênçãos, proteção e alegria. Que Deus esteja presente em cada momento. Um fraterno abraço.
    Valdemir Reis

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  9. Tais Luso

    Aqui não se vê isso. Comecei por me assustar, com a charla, pois vejo-os dentro do hospital sempre de bata branca e estetoscópio ao pesscoço.
    O uso desses acessórios na rua, realmente, revela ignorância, ou desplicência, da própria liderança hospitalar.
    Daniel

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  10. Olá Tais,

    Realmente é gritante muitas coisas que vemos nos hospitais, principalmente os públicos. Trabalho em alguns hospitais particulares aqui em fortaleza, e vejo isso com muita freqüência. E aí de quem chamar a atenção de algum médico desses, pois, os mesmo são altamente egocêntricos e nem sabem o que significa a palavra humildade.

    Mas isso vai muito mais além. Nos centros cirúrgicos vejo a vaidade e o fútil imperar com médicos e principalmente médicas e enfermeiras que ostentam relógios, jóias, brincos e até pierces dentro das salas do centro cirúrgico, e vez por outra flagramos alguém com roupas esterilizadas pelos corredores afora, inclusive nos refeitórios.

    Uma vez, ao adentrar o centro cirúrgico, a enfermeira chefe me chamou a atenção porque levava comigo um monitor que embora limpo, já manchado pelo tempo. E não agüentei, tive que dizer poucas e boas... Porque ao seu lado uma auxiliar fazendo as unhas e a outra se alimentando... Pode!? Como dizia Bóris Casoy... “Isso é uma vergonha”.

    Infelizmente ninguém pode com eles porque nesse sentido eles tem uma regra rígida que se chama corporativismo.

    Claro que não estou generalizando. Mas fica meu protesto indo na sua carona. Belo post.

    Um abraço a todos.

    Roberto Ramos

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  11. Uma verdade tais, a gente vê tanta coisa errada neste mundo, que eu confesso a você, prefiro falar das coisas boas, para não ficar tão chocada com ás ruins.

    Eu estava saudosa de ler suas crónicas,
    um bom fim de semana,
    com afeto,
    Efigênia Coutinho

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  12. Oi Taís tenho um selinho para você, mulher bem resolvida, esta te aguardando no meu blog!
    Depois volto para ler seu post com calma, bjsss

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  13. gostei do post sobre 'comentários'
    como disse um dia um chefe meu: é dando liberdade que conhecemos as pessoas...

    parabéns pelo blog!

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  14. Anônimo07:54

    Olá Tais; estavamos começando a nos comunicar quando perdi o blog "Bula Literal" estou lhe acompanhando novamente.Obrigado pela compreensão.

    abraços
    Marco
    CompassodegaiaRyokansobosol

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  15. Bom post! Uma ótima observação!

    Axé!
    LU MARIA

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  16. Parabéns pelo post. Este é um assunto que muito me intrigou, profissionais da saúde se deslocando pela cidade, transporte público com os trages que deveriam ser utilizados estritamente dentro dos hospitais.

    Trabalhei em uma fábrica de medicamentos européia e havia áreas de cores de roupas diferentes. Uma áreea era a branca, a outra azul e finalmente a verde onde tudo era muito mais restrito para evitar contaminação.

    Mesmo na área branca, onde só se realizavam as embalagens dos medicamentos, ao sair o jaleco ficava. Eram lavados e esterelizados.

    Há hospitais em que vejo médicos e enfermeiras pelos corredores com as roupas que deveriam ser de uso exclusivo do centro cirurgico.

    É por isto que temos tantas infecções hospitalares no Brasil.

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  17. Acho que vou ser linchado, mas vamos lá...

    Ainda enquanto estudante de medicina, escutei de um professor, renomado Infectologista deste mesmo Hospital de Clínicas de Porto Alegre, reconhecido nacionalmente entre seus pares (e não daqueles médicos que aparecem na tevê como mera forma de publicidade pessoal) dizer que as bactérias que trazemos de casa não fazem mal algum aos paciente internos, pois são bactérias que não desenvolveram resistência aos antibióticos como as que vivem no ambiente hospitalar.

    Analisando pelo outro lado - médicos que saem do hospital com seus jalecos durante o trabalho ou depois de um dia de trabalho - isso tampouco seria preocupante, pois as referidas bactérias patogênicas, na quantidade que saem só poderiam ser perigosas para pacientes severamente imunocomprometidos, como pessoas em quimioterapia, pacientes com HIV sem tratamento, diabéticos mal tratados, usuários crônicos de altas doses de glicocorticóides, etc, pessoas que usualmente não tem nem condições de ficar passeando pelas ruas. Uma honrosa exceção diria respeito a bactérias altamente patogênicas existentes na UTI. E, pelo que lembro, na UTI usávamos jalecos específicos que não iam para fora do hospital.

    Apesar deste ponto-de-vista, ainda poderíamos dizer: "pois bem, mas é melhor não dar sorte ao azar".

    Pois. E agora?

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  18. Obrigada pelo seu comentário doutor Reinehr, não vai ser linchado não, no meu blog todos são educados. Concordando ou não, sua postagem é interessante e bem-vinda.

    Porém, o jaleco é feito para ser usado dentro de um hospital. As bactérias sofrem mutações, ficam resistentes etc e tal. E tem mais: o caso do estetoscópio... Continuo achando que não há necessidade, e os cuidados com todas as bactérias têm de ser redobrados, e a rua é um lugar altamente poluído, onde os médicos se deparam com pessoas doentes, tuberculosas e outras infecções. Acho que, falando de saúde, todo cuidado é pouco.

    Abraços
    tais

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  19. É meio complexo, pois o pessoal pensa primeiro em salvar / atender a pessoa e depois que possa ter passado uma infecção para o paciente...

    Engraçado que na idade média, um médico com "macacão" sujo que era o bom (pois mostrava que tinha atendido várias pessoas) e o que tinha o macacão limpinho era o péssimo (não tinha atendido ninguém).

    Engraçado que tem outra coisa interessante, as pulgas transmitiram a peste negra, mas quando apareciam os sinais numa cidade, aparecia uma pessoa que se auto flagelava para tentar redimir o pessoal da cidade afetada pela praga (nota que isso também ajudou a aumentar a praga).

    Cada coisa que a história nos mostra de bizarro.

    Fique com Deus, menina Tais.
    Um abraço.

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  20. Olá Tais!

    Oportuna a sua postagem e me perdoem os profissionais por aqui presentes, mas você está com a razão!
    Tudo o que depois dá errado, só permite lamentação, não tem concerto.
    Por que transgredir? Os jalecos não são trajes sociais. Existem como forma de proteção, exatamente para isolar uma roupa que o profissional trás de fora, para dentro do hospital!
    Queiram, ou não, é um contra senso usá-lo fora do ambiente de trabalho.
    Parabéns Taís, vamos por ordem na casa. rsrsrs

    Beijo
    Aidinha

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  21. Possuo uma solução para tal questão.
    Há uma indumentária de proteção e segurança à saúde do trabalhador da área da saúde que pode impactar positivamenta na taxa de infecção hospitalar.
    Trata-se de uma vestimenta bacteriostática baseada em nanopartículas de prata integradas ao fio.

    Mais informações: http://jalecovida.wordpress.com

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  22. Americo21:18

    Eu ia dizer o que alguem postou, existem vestimentas que utilizam uma ação bacteriostatica.

    É uma soluçao para a preguiça..hahaha

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  23. Nossa muito bem observado , confesso que nunca havia parado para pensar no assunto , mas realmente qual é a necessidade de andar de jaleco , não acredito que isso facilite a vida dos medicos já que não demora muito para vestir um jaleco , e sinceramente se é para poder mostrar que é médico melhor usar um cracha , muito bem bservado parabéns

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Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís