Deck of Meteora |
- Tais Luso de Carvalho
Faz algum tempo que fui à Igreja, a mesma que meus pais frequentavam, a mesma igreja que me casei – Igreja Santa Teresinha. Sentei no banco em que meus pais costumavam sentar. Senti eles tão perto de mim que tive vontade de saber deles, como está a vida lá em cima, onde estão.
Anos antes do falecimento de minha mãe, havia pedido a ela que, quando “partisse”, desse um jeito de vir me contar como ela estaria lá do outro lado, isso rendeu muitas risadas entre nós duas. Ela brincava muito com esse assunto, pois não revelava medo da morte, afirmando que deveria ser melhor do que nessa bagunça onde vivemos.
Saudades, tanta vontade de ver meus pais, de abrir meu coração! Lembranças dos valores que passaram para minha formação. E sou grata a eles por tudo.
Meu pai era um médico de muita Fé, achava importante ter uma religião, uma crença. Ter Fé. Segundo os médicos, a Fé é de grande importância na vida das pessoas.
Porém, eu questionava muito e não via claramente o sentido em nascer, viver, construir uma vida inteira, dar vida a outras vidas e depois, um ponto final! Isso eu já questionava, ainda adolescente, nas aulas de religião no colégio das freiras. E meu pai me dizia: minha filha, isto não tem resposta, isto é FÉ!
Mas voltando à igreja Santa Teresinha, onde eu estava sentada, olhei para o lado, onde ficam os confessionários, ali onde os padres escutam os pecados do mundo, dão o perdão e a penitência que nos cabe e depois voltarmos a fazer tudo novamente.
Dali, onde eu estava, fiquei observando um velhinho que mal conseguiu chegar ao confessionário, arrastava-se com enorme dificuldade. Fiquei pensando na tristeza daquele ato; que difícil foi chegar e ajoelhar-se! Que pecado teria cometido aquele senhor, no crepúsculo de sua vida, já tendo a despedida tão próxima? Talvez ele sentisse a necessidade da presença do padre para interceder o perdão junto a Deus afinal, foi assim que aprendemos.
Depois disso voltou a imagem de meu pai. Se ele estivesse vivo, vendo essa cena comigo, certamente diria:
– Minha filha, isso é apenas um ato de Fé, a mais pura Fé.
Roberto Carlos / Luciano Pavarotti
Ave Maria