31 de agosto de 2011

ESSA É A NOSSA CIVILIZAÇÃO ?

 





- Tais Luso de Carvalho


 É uma lástima que só paramos para refletir sobre as nossas prioridades após as guerras, os acidentes, as doenças e outras  tragédias. Só assim paramos pra pensar nas besteiras gigantescas que fazemos na vida. Só pensamos quando estamos à beira de um ataque de nervos ou quando entramos numa gelada. Depois esquecemos e tudo volta ao normal, ao velho e conhecido tranco, da Lei do Menor Esforço, do tudo fácil, tudo ótimo.

Há, em todos nós, um sentimento muito desgastante que se chama competição. Competimos no esporte, competimos no trabalho, competimos em beleza, em conhecimento, competimos em tudo. O tumulto e as pressões que sofrem os atletas, os técnicos de esportes, médicos, advogados e diversas outras profissões é uma overdose de estresse. Até os políticos se estressam!!! Tão bonzinhos, tão responsáveis, tão éticos! Tão equilibrados...

Viver é como se equilibrar numa corda dependurada de um edifício ao outro: ou você aprende a se equilibrar ou se esfacela lá embaixo. E depois, enche de curiosos pra ver se você morreu ou se sobrou alguma coisa se mexendo.

Viver é pra lá de difícil, e se manter no topo, pior ainda. O ser humano precisa mostrar sua superioridade intelectual, sua força, seu poder, mostrar sucesso em tudo que faz, mostrar superioridade. Sem dúvida que desgasta. Ótimo, mas tudo tem um preço. E de uma hora pra outra nos apagamos como uma vela. Não há emocional que possa aguentar tantas cobranças.

Porém, ficamos tão pequeninos e vulneráveis diante das doenças que seria bom pensar neste desperdício de energia antes do drama. Afinal, o que vale a pena? A passagem por aqui é curtinha; raros os que fecham um século de vida. Onde há riscos, estamos presentes em busca da  superação. Virou moda.

Na verdade, ficamos com os resquícios dos Bárbaros, cometemos atrocidades que até Deus duvida de sua mais encantadora obra: Bárbaros fantasiados de gente evoluída. Parece que o planeta é um enorme Coliseu. Matamos por diversão, por ódio, por vingança, por disputa, por orgulho. O ser humano em certos quesitos em nada mudou. Na medida em que evoluiu de um lado, sofreu a involução do outro.

Abrimos os jornais e lá estão as manchetes do dia mostrando os mais terríveis crimes arquitetados por mentes doentias, em pleno século XXI. Os noticiosos são filmes de terror, ficamos com os olhos esbugalhados e terminamos acovardados, colocando mais grades, mais trancas e mais alarmes em nossas casas.

Tudo continua igual, mesmo depois de termos ido à Lua, enviado para o espaço satélites de precisão, tecnologias das mais sofisticadas para matar, mas também avanços enormes na área de medicina para salvar! Vá eu entender...

Como animais racionais, como seres tidos como superiores, ainda somos pobres vítimas de nós mesmos. E como tudo está globalizado, não paira no ar dúvida alguma desta barbárie toda: assistimos  atos de crueldade e de genocídio através de uma tela de alta definição. E assistimos a tudo isso confortavelmente sentados. Difícil de acreditar, mas é assim...




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12 comentários:

  1. Boa noite, amiga do Sul.
    Quando estava lendo o teu texto pensei que eras do Rio de Janeiro,aqui nós vivemos assustados é tiroteio por todos os lados, quem sobreviver poderá contar, pisamos em ovos, temos que aprender a viver assim...como tu disseste,"overdose de estresse", adorei ler teu texto, já te sigo, espero tua visita, se puderes, ...beijos.

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  2. É amiga Taís, é isso mesmo! Barbárie,
    loucuras, crimes hediondos, mentira, cinismo, competição desenfreada e...
    medo, muito medo! Sabe Taís, eu e muitos de nós gostaríamos de viver mais desapegadamente, menos competitivamente. Mas aí é que mora o problema - se não entrarmos na corrida desenfreada, não ganhamos dinheiro suficiente para planos de saúde, grades nas janelas, remédios... Nossa que loucura!
    Agora, nós sabemos que pobreza, dureza, é triste, muito triste. O mundo maltrata demais os mais pobres!
    Um abraço minha amiga filósofa sincera e talentosa.

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  3. O ritmo da vida nos atropela e tantas vezes, somos atingidos pelas avalanches...Linda crônica,beijos,chica

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  4. Oi Tais,

    que bom amanhecer com um texto tão bem escrito.
    Às vezes, tenho a impressão que somos vigiados o tempo todo. Na verdade é assim que as coisas estão. A era da perfeição nos impõe fiscais a cada segundo. E ai de nós se erramos?!
    E mesmo quando não erramos, ainda lidamos com o universo infinito das interpretações que enxerga tudo como lhe convém.

    Grande abraço

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  5. Taís, o consumismo desenfreado tem levado ao surgimento de necessidades cada dia mais infundadas. O desejo de poder ultrapassa qualquer regra de convivência, o que importa é ser melhor que o outro. É preciso tão pouco para ser feliz, uma pena que a cegueira provocada pelo egoísmo esteja deixando tudo tão mais difícil.
    Seu texto é um desabafo que eu também gostaria de ter feito.

    Beijos

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  6. Tudo dito....e bem....
    E com as dificuldades que geram
    pobreza.....o salve-se quem poder, veio agravar mais o problema....E que fazer...??Os pobres continuam a sofrer e os outros desesperam...
    Beijo

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  7. Belíssima crônica-reflexão. Você botou o dedo na ferida dessa nossa sociedade que quanto mais compete mais perde a humanidade. Colocou bem que somos bárbaros, ainda que os bárbaros possam se sentir ofendidos. Em bolei a frase: "O homem é vírus do Planeta", só pode viver se Planeta estiver vivo, mas, mesmo assim, tenta matá-lo. Parabéns pelo belo presente de setembro que nos deu. Abraços, JAIR.

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  8. Tais, sua crônica não poderia vir em melhor momento, pois há 2 semanas meu cunhado foi levado às pressas do trabalho para o hospital com princípio de AVC. Felizmente, tudo contornado sem maiores problemas. Mas, conversando com minha cunhada, esposa dele, identificamos justamente essa nossa corrida louca em busca do que pensamos ser o mais importante como o fator motivador e desencadeador de tanto estresse.
    Seu texto traz aos nossos olhos aquilo que sabemos, mas que não tiramos tempo para avaliar em nossa vida particular. Normalmente as 'paradas' são obrigatórias - AVCs, doenças da mente, etc. Mas elas podem ocorrer tarde demais, ou sem volta!
    Mais um texto fantástico que só poderia vir de ti!

    Beijão, minha querida!

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  9. Esse planeta é uma verdadeira guerra de todos contra todos.

    Dá licença que o comandante geral está me chamando ali na frente da primeira tropa da batalha.

    Estive por aqui entre bárbaros e bombardeios!

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  10. Taís, minha amiga querida, desculpa, mas tenho ido bem pouco às páginas, mas não por conta de que preciso de mais horas nos meus dias é que tenho me dedicado mais à leitura e a uns trabalhos de artesanato, pois estou mudando para uma outra casa e tudo está daquele jeito.
    Mas é bem verdade.
    Você muito bem partilha com cada um de nós as máximas diárias dos seres humanos.
    Eu tive muitos desses sintomas durante boa parte da minha vida, porém de uns aninhos para cá tornei-me mais tranquila e livrei-me dos desgastes.
    24 horas para meu dia está ótimo.
    Durmo minhas 8 horas bem dormidas.
    Divido bem as tarefas do cotidiano.
    Encontrei tempo para contemplações, para amar, para passear.
    Passei das fases de competições, de querer andar pela corda bamba, pois colocar os pés em grama macia é bem mais delicioso.
    Dei-me a oportunidade de viver um AMOR e está sendo maravilhoso, pois meu Pê é uma pessoa muito especial...
    Vivo um dia de cada vez, livrei-me das ansiedades.
    Aprecio somente as coisas que me edificam, no caso da blogosfera tenho estado presente, mesmo que ausente, nas páginas de qualidade que é o caso dos seus dois blogs e os de literatura do Pedro Luso que também me é muito caro.
    O amadurecimento é bom por conta disso. Tornamo-nos mais harmonioso e equilibrados.
    Bem, lógico que há quem não desperte para o amadurecimento, mas daí já não é problema nosso.
    Suas crônica são sempre deliciosas e o mais importante - relatam um verdadeirismo completamente reflexivo - deixando sempre a pergunta "O QUE EU QUERO PARA MIM?"
    Abraços, minha amiga!!!!

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  11. Taís,às vezes fico na esperança de que toda esta violência seja de fato erradicada,portanto quando termino minha reflexão vem-me mais acontecimentos que realmente só um povo bárbaro pode executar com maestria.Será que em algum dia não muito distante poderemos dizer em alto e bom tom-A Bárbarie foi erradicada!Bem,dizem que há esperança.Amiga,um grande abraço!

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  12. Boa noite,Taís.Estamos doentes diante de tanta violência,presos em gaiolas de nossas próprias casas casas,contidos,comedidos. A liberdade
    tão desejada está se acabando.Um mundo egoísta onde o Ter domina o Ser, infelizmente. Bela reflexão.
    Já estou te seguindo. Tenho um cantinho de poemas e poesias.
    www.expressodointerior.blogspot.com
    Ficarei feliz com tua visita.

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Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís