18 de julho de 2010

FELICIDADE



- Tais Luso de Carvalho  

'A felicidade é o melhor remédio contra as doenças cardíacas’. A afirmação foi feita numa palestra dada pelo conhecido médico e cirurgião cardiovascular de Porto Alegre, Fernando Lucchese, focalizando o ‘estilo de vida das pessoas’.

Conheço o Dr. Fernando Lucchese: é um daqueles médicos que gostaríamos de ter em cada especialidade que precisássemos: o médico humano, o amigo.

Tenho vários de seus livros, e lembro que ao levar minha mãe ao seu consultório, vi no semblante dela (após a morte de meu pai) um carinho agradecido pelas palavras desse médico. Um agradecimento pelo seu interesse. Saímos fortalecidas e com confiança; esse é o legítimo medico-amigo que falarei numa crônica mais adiante, onde falo da relação médico-paciente, que hoje fica muito a desejar.

Segundo Lucchese, as doenças estão mais associadas com o estilo de vida que se leva do que com o controle dos resultados dos exames. De que adianta ter o índice de colesterol adequado se estás infeliz? - indagou Lucchese.

‘A lógica é esta: estilo de vida = saúde = felicidade = longevidade. O mais importante é o estilo de vida que levamos, seguido do meio ambiente, genética e assistência médica’.

E continua:

‘Fazer o que se gosta é mais essencial do que vários exames. Também a qualidade de vida está associada a outros fatores, como a relação com a família e a situação financeira. Um sorriso é mais importante que a beleza; indivíduos que sabem rir de suas fragilidades têm vida mais longa e são mais felizes; ter prazer no trabalho é felicidade certa; não dever dinheiro é felicidade pura; e pessoas espiritualizadas vivem mais felizes por mais tempo.

Nos Estados Unidos foi apresentado um levantamento entre os anos de 1940 e 2000. Foi feita uma relação entre o nível de felicidade das pessoas em relação ao aumento de renda financeira familiar. A pesquisa mostrou que ninguém ficou mais feliz apesar de ter ficado mais rico. Uma situação financeira organizada pode deixar as pessoas mais felizes do que aquelas com excesso de dinheiro e que, em alguns casos, pode trazer mais problemas do que soluções’.

Não tenho dúvida que o médico Lucchese está com a razão. Quantas vezes pensamos que nossa meta de felicidade possa estar numa casa na praia, noutra na serra, no carro do ano ou em várias viagens pelo mundo? Mas ao retornarmos das viagens ou termos adquirido esses bens, vamos ver que estamos com os mesmos problemas, com mais dívidas e menos dinheiro... E que nosso interior em nada mudou. Viajar é delicioso, mas não é passaporte para felicidade.

Penso que ser feliz é encontrar nas pequenas coisas a razão de viver; é conseguir viver sem raiva, sem mágoas, sem doenças. Não possuir tais sentimentos é difícil; estamos cercados por pessoas de todos os tipos: pessoas invejosas, mesquinhas, sem caráter... E se equilibrar nesse meio doentio não é fácil. Fácil é absorvermos as impurezas do meio e ficarmos transtornados, sem eira nem beira.

Ser feliz é encontrar a pessoa certa para viver ao nosso lado; é poder ter nosso animalzinho de estimação sem ninguém encher o saco colocando defeito em tudo o que fazemos; é não se meter nas escolhas dos outros; é poder dormir as horas que nosso organismo pede; é encontrar alguém que participe e troque conosco momentos de alegrias e tristezas, e ter a certeza que somos amados pelo que somos..

Seria mais fácil sermos felizes se viéssemos ao mundo já sabendo que um dia tudo acaba; e que daqui nada levaremos, senão o amor que vivemos.
Mas nem isso a gente se dá conta...




25 comentários:

  1. ....Eu tenho Felicidade certa...

    'Fácil é absorvemos as impurezas do meio'. E então........

    Beijo

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  2. Oi, Tais
    gostei do texto, pois estamos sempre buscando mais e mais e às vezes não desfrutamos da felicidade que temos.
    Abraço

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  3. Estilo de vida, um conceito que está vindo engarrafado, pronto pra ser digerido, passado às gerações.
    "Ser feliz" já parece muito mais condicionado ao ter do que ao ser, a escolha da carreira ao resultado - o prazer virou detalhe. E a sociedade adoece. Sem a essência, sobram as frustrações, as idealizações e os sonhos arquivados.

    Dr. Lucchese mostra a preocupação com o efeito emocional das escolhas que adoecem nossos sonhos - e por conseguinte, a nós.

    Se a gente parasse pra ver e entender o quanto complicamos o simples, talvez mudássemos o mundo. O nosso particular, pelo menos!

    Como sempre, bela abordagem, Tais. Adorei!

    Boa semana, sendo muito felizes!!
    Bjo carinhoso!

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  4. Olá Taís,
    Andei sumida, mas é que eu estava preparando um novo blog.
    Vim te convidar para conhecer o "Aroma nosso de cada dia", neste endereço: http://estela-aromanossodecadadia.blogspot.com/
    Ficarei FELIZ com a sua presença.
    Bjs.

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  5. Oi Tais
    Li uma frase que dizia o seguinte: "A felicidade existe sim, é que ela está onde a colocamos, e nunca a colocamos onde estamos" (desconheço o autor). Temos a mania de complicar tudo.
    Beijos

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  6. Olá, Taís,

    Muito boa a crônica. Importante assunto abordado. Somos seres integrais, holísticos, e a doença nada mais é que reflexo de transtornos de ordem emocional. Os orientais sabem disso há milênios. Nós estamos descobrindo agora. Humanizar nossas relações, modo de vida, é o que há de mais importante para garantirmos boa saúde. E não há sentimento melhor do que a felicidade. Uma delícia. Com certeza devemos investir nisso para vivermos mais e melhor.

    bjs.

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  7. Bom texto e com considerações preciosas.
    beijos

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  8. Uma somatória de cada ponto que voê bem explicitou é o desejável e é o que eu busco a cada dia. Afinal, os fatores isoladamente nos causam alegrias esporádicas. Quanto mais somarmos cada fator, mais próximos estaremos da feliidade. Adorei, como sempre, Tais! Abraços. Paz e bem.

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  9. Cabe a nós lutarmos pela nossa felicidade, sem nenhuma atitude passiva.

    Somos responsáveis pelo que pensamos...

    Abraço

    Mariza

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  10. Taís,

    Boa crônica, bom tema!

    Afirmou Abraham Lincoln que "O homem é tão feliz como se propõe a ser". Hoje, com os avanços das pesquisa científica, descobriu-se que a coisa não é bem assim. Há quem tenha predisposição genética-química para ser feliz, animado, otimista. Há também o contrário...

    Claro, sempre há (pode haver) o esforço humano para manter o pensando positivo, vendo o lado bom das coisas etc, mas, convenhamos, isso é bem difícil para qualquer um num mundo vil, mesquinho e cruel como o nosso (como vc mesmo lembra).

    A genética atinge tudo no homem, não só as predisposições mentais, mas também as físicas, o que tem relação direta com ser ou não saudável, muito mais, infelizmente, com o comer ou não saladas e o ser ou não feliz.

    Uma coisa é certa: num mundo como esse, precisamos mais e mais de médicos humanos! Escreva sim sobre isso!


    bjão
    Cesar

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  11. das muitas vezes que me perguntaram se eu era feliz, sempre respondi que sim, mas sempre parava depois p pensar se eu estava dizendo uma verdade ou aquilo que queriam ouvir. Então passei algum tempo tentando entender a felicidade. Entendi que a felicidade não pode ser resumida em momentos eternos. Entendi o fato de ter passado por momentos tristes não quer dizer q ñ seja uma pessoa feliz. Hoje eu respondo essa pergunta com a certeza da minha felicidade.
    Estamos precisando de mais médicos assim. Certamente as pessoas adoeceriam menos. É preciso humanizar os profissionais de saúde, e além deles todos os outros.

    bjs

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  12. Querida Taís, eis-me aqui depois de um período em retiro espitirual para renovar as forças.

    Cheguei em boa hora por aqui pra te ler, pois esse texto é a mais pura realidade.

    Sorrir e ser feliz controlando as emoções deve ser uma boa receita mesmo para longevidade.

    Saudade amiga

    super beijo
    venha me ver

    Lu C.

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  13. Beleza de crônica, Taís!

    A saúde mora na felicidade que, por sua vez, habita a simplicidade.

    Nada é mais confortável ou prazeroso do que ser quem se é, embora nos dias de hoje algumas pessoas escolham viver em conflito aparentando o que não são.

    Não há nada como deitar a cabeça no travesseiro e dormir em paz, - sem dívidas, sem inimizades, sem obsessões por aquilo que não há como alcançar.

    Sonhar faz muito bem. Mas sonho é isto; sonho. Obsessão faz muito mal; é pesadelo.

    Melhor que os excessos da adrenalina em direção ao ter, é a endorfina de ser, - saúde ao alcance de qualquer pessoa que compreenda a diferença entre voar sem tirar os pés do chão, ou despencar num abismo de desejos impossíveis que podem significar morte em vida.

    Adorei, amiga! Bjs e inté!

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  14. Oi Tais!

    Mais uma ótima crônica!
    O negócio é ser feliz "apesar de..."

    Todos temos nossos problemas e nem sempre é fácil contornar os obstáculos e sair ileso(a), mas, mesmo com muitos arranhões da vida, é muito importante dar valor aos detalhes que nos trazem alegria.
    E é por esta alegria que devemos seguir em frente!

    Beijos

    Lia

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  15. Anônimo18:05

    Olá Tais!
    É que a gente insiste em situar nossa felicidade fora de nós e aí, tudo se complica... Nossa felicidade não pode depender de nada além de nós mesmos. É assim que penso e agora, ao ler tuas palavras tão bem colocadas, convenci-me ainda mais. Um beijo. Ótimo post.

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  16. Pena que poucas pessoas conseguem enxergar essa verdade!!!

    Gostei muito Tais!

    Bjs!

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  17. Obrigado por mostrar o seu mundo emotivo.


    De Extremo Oriente.
    Saudações.
    ruma

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  18. "Um sorriso é mais importante que a beleza"...
    Existimos para"ser"__ sempre e mais humanos em tudo o que isso significar__ sermos felizes!
    Taís, vc me aguçou a curiosidade p/ ler sobre este médico-amigo.Obrigada.
    lindos e felizes dias p/ vc.
    Bjos,
    Calu

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  19. Palavras lúcidas, que implicam um olhar mais atento ao nosso interior e ao que nos rodeia.

    Bjs

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  20. Tais,falar de felicidade é dar um novo olhar à nossa vida.
    Digo em um dos meus poemas que:
    "Felicidade é acreditar
    Que a felicidade
    Haja o que houver
    estará sempre onde você estiver".
    Bjs Eloah

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  21. Taís,
    Esta sua postagem, onde você cita o cardiologista Fernando Lucchese, é coisa pra se ter em mente (ou ao menos tenter ter em mente) sempre. Profundas reflexões e sobre coisas tão simples, ao menos em teoria.
    A felicidade é um bem precioso, assim como a paz interior. Quem consegue ter estas duas coisas é o verdadeiro rico.
    Sobre outro trecho, infelizmente hoje em dia é difícil encontrar médicos-humanos. Há muitos, mas são minoria no meio. Estão mais preocupados e ocupados com o mercenarismo, com o status, com o pseudotítulo de "doutor". Encontrar seres humanos, e aqui no caso você fala mais especificamente da relação médico-paciente, que não sejam escravos do mercado e das "exigências sociais" é algo a ser realmente valorizado.
    Parabéns pela crônica.
    Beijo grande,

    Ivan Bueno
    blog: Empirismo Vernacular
    www.eng-ivanbueno.blogspot.com

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  22. Acredito que estamos neste mundo para sermos felizes e para fazermos as pessoas que nos rodeiam felizes também. Tristeza não está com nada. Não devemos alimentá-la.
    Bjkas, muitas!

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  23. Muito, muito bem dito!
    Bjoo!!

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  24. Creio, amiga Taís, que com o passar do tempo, as pessoas possam encontrar a felicidade. É só parar de pensar em coisas grandes e começarem a pensar nas pequenas coisas que podem nos trazer felicidade.

    A maioria das pessoas pensa que felicidade é uma coisa difícil de se conseguir e não é. Basta parar e percebê-la ao redor de si mesma.

    Esse médico, seu amigo, deve irradiar a felicidade porque ele aprendeu pegar os pontos negativos e transformá-los em positivos, pegar os pequenos pontinhos e transformá-los em grandes, por isso ele irradia tanta felicidade. Deus o conserve assim. Quanto mais felicidade ele ensinar aos pacientes, mais felicidade ele vai ter.

    Grande texto, amiga! Como sempre!

    Um abraço,
    Lúcia.

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  25. Interessante, mas dá para fazer uma comparação entre aqueles que vivem a vida feliz e aqueles que acabam tendo fé (e melhorando inexplicavelmente de alguma doença)...

    Fique com Deus, menina Tais Luso.
    Um abraço.

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Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís