2 de dezembro de 2007

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE / Para Sempre


pintura de Emile Munier / 1840 - 1895 Paris


PARA SEMPRE

-Carlos Drummond de Andrade

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?

Mãe não tem limite,
é tempo sem hora
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.

Mãe na sua graça,
é eternidade.

Por que Deus se lembra
-mistério profundo-
de tirá-la um dia?

Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:

Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.


Andrade, Carlos Drummond de, 1902 – 1987
A Palavra mágica, 13ªed. – Rio de Janeiro
Record 2007
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Um comentário:

  1. Anônimo00:03

    É, tais... Mãe é mãe... Por isso devemos cuidar delas e dizer o quanto as amamos, pois não sabemos quando elas partirão desta existência corpórea.
    Abraços fraternos.
    Cirilo Veloso

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